Introdução do Componente Animal em Unidades Familiares de Produção de Hortaliças Orgânicas na Região Serrana Fluminense

Introdução do Componente Animal em Unidades Familiares de Produção de Hortaliças Orgânicas na Região Serrana Fluminense

A agricultura praticada na Região Serrana Fluminense caracteriza-se pelo cultivo de hortaliças em pequenos estabelecimentos de base familiar. Em geral, estas unidades produtivas empregam intensivamente tecnologias da agricultura industrial, tais como fertilizantes sintéticos e agrotóxicos. Algumas iniciativas têm sido feitas nas últimas décadas para promover a inserção de práticas agroecológicas neste contexto. Dentre tais iniciativas, merece destaque a atuação da Associação de Agricultores Biológicos do Estado do Rio de Janeiro (ABIO), que atua na região desde a década de 1980. Embora o volume da produção orgânica tenha aumentado consideravelmente em consequência dessas ações, ainda representa proporção diminuta da olericultura fluminense. Entre os núcleos rurais da ABIO, situa-se a Associação de Produtores Orgânicos de São José do Vale do Rio Preto– Horta Orgânica, que além de comercializar gêneros com certificação orgânica, fornece suporte técnico aos agricultores deste município e de outros núcleos da ABIO na região Serrana: Brejal em Petrópolis, Santa Rita em Teresópolis e em Sumidouro e Sapucaia. A maioria dos agricultores familiares associados à Horta Orgânica, em algum momento, desenvolveu atividades relacionadas à produção animal, seja de subsistência ou para fins comerciais, porém, o componente animal perdeu importância nessas unidades familiares. Merece destaque relatar que a avicultura é uma atividade tradicional da região e o esterco resultante desta atividade ainda é amplamente empregado no cultivo de hortaliças. Com o objetivo de criar condições para a consolidação e multiplicação de tecnologias aplicadas à produção ecológica e considerando a tradição regional com a exploração avícola, a Horta Orgânica elaborou, em conjunto com a Embrapa Agrobiologia, o projeto “Unidades de Produção Agroecológica Auto-suficientes para Pequenas Propriedades”. Este projeto recebeu apoio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq),sendo executado de março de 2006 a junho de 2008, com vistas a incrementar a atividade pecuária junto a agricultores familiares, principalmente aqueles cujas famílias encontram-se fragilizadas do ponto de vista monetário e, portanto, expostas a riscos sociais. A proposta consistiu da introdução de caprinos leiteiros e galinhas poedeiras, de forma a ampliar a oferta de alimentos (ovos, leite e carne) e de dejetos, destinados a complementar a adubação orgânica das áreas cultivadas com hortaliças. Desta forma, buscou-se reduzir a dependência das unidades em relação a insumos externos e, principalmente, diversificar a renda da unidade e garantir a segurança alimentar da família. As áreas de lavouras foram manejadas dentro dos princípios da agricultura orgânica e são certificadas pela ABIO, ao passo que, em relação ao manejo do componente animal buscou-se incorporar práticas agroecológicas de forma a caracterizar processos de transição de sistemas de manejo.