Entenda os Dados

O Agroecologia em Rede (AeR) é uma roça cultivada de saberes, de onde emerge a sabedoria e o conhecimento de quem maneja a terra e ouve dela seus segredos. Assim como as sementes, a informação que chega na plataforma do AeR é preciosa e precisa ser guardada em um ambiente seguro. Por isso, consolidamos um sistema de colheita e resguardo dos dados das experiências agroecológicas independente das ferramentas disponibilizadas pelas grandes corporações.

Para nós, o conhecimento é entendido enquanto comum, incapaz de ser apropriado por alguma organização, empresa ou indivíduo. O conhecimento é construído por meio de práticas coletivas de investigação, pertence a toda coletividade humana e deve ser gerido de forma autônoma e autogestionada por grupos e comunidades co-responsáveis por sua produção. Neste sentido, o AeR é desenvolvido inteiramente em software livre, que pressupõe a liberdade de qualquer pessoa acessar o código-fonte e modificá-lo para uso próprio.

Assim, ao melhorarmos o código da plataforma, contribuímos com diversas outras pessoas ou grupos que também a utilizam em todo o mundo. É nessa abertura do código-fonte e no oferecimento de um conjunto de ferramentas para organizações e grupos realizarem processos de pesquisa e investigação que a plataforma se torna responsabilidade de todos que a usam, tornando-se comum!

Segurança de dados e informações

A reestruturação do sistema do AeR conta com assessoria jurídica responsável pela Política de Privacidade e Confidencialidade. Nossa Política está organizada em dois termos: a) Termo de Uso e Acesso aos Dados e b) Termo de Confidencialidade. Para conferir os documentos na íntegra, clique sobre eles e você será redirecionado para página relacionada. Ao cadastrar informações na Plataforma AeR, é preciso estar de acordo integralmente com o conteúdo destes termos.

A base de dados do AeR possui duas interfaces:

1) um bando de dados autônomo, denominado Colheita, que assegura soberania e segurança dos dados sensíveis coletados, onde são feitos os cadastros e;

2) este site, que possui uma plataforma de consulta online que permite a navegação apenas pelos dados públicos, autorizados pela curadoria específica de cada mapeamento.

⁣O AeR é um sistema de informações que possui duas plataformas distintas: a Plataforma Colheita, que assegura a soberania e segurança dos dados sensíveis coletados, e o site do AeR, onde está estruturada uma plataforma de consulta que permite a navegação apenas pelos dados autorizados pela curadoria e pelos cadastrantes a estarem disponíveis de forma pública. 

A Plataforma Colheita é estruturada a partir da plataforma NEMO, que possibilita a coleta, armazenamento, organização e análise de dados. Por meio dela, são criados formulários para cada processo mapeante e o preenchimento de cada ficha é feito diretamente a Plataforma, em integração com o site do AeR. Dessa forma, é possível consolidar um banco de dados de forma independente da plataforma onde os dados estarão públicos, garantindo privacidade e resguardo para as informações sobre as experiências. A Plataforma Colheita é nosso ambiente de soberania e proteção dos dados!

Conceitos Estruturais

Os conceitos estruturais definem os campos básicos para a entrada de dados na plataforma AeR. Assumimos o desafio teórico de delimitar algumas fronteiras básicas que apoiem usuários/as do sistema no cadastramento e na identificação das diferentes entradas de dados. Partimos do respeito absoluto pela diversidade de entendimentos, realidades e contornos que os conceitos podem assumir, por isso o cuidado de não tratá-los de forma absoluta e restrita. No AeR, são as formas como os territórios e experiências sistematizadas interpretam e se apropriam desses conceitos que alimentam e desenvolvem essas reflexões teóricas sobre eles.

Um dos propósitos conceituais é a promoção da autoidentificação das redes, organizações, coletivos informais e sujeitos. Os conceitos estão relacionados ao processo metodológico do AeR, não são conceituações genéricas, mas associados à forma específica de fazer emergir realidades dos territórios. A construção coletiva do conhecimento agroecológico, baseada no diálogo de saberes, é a essência da plataforma do AeR e garantir a fluidez dos conceitos com que analisamos a realidade é a chave para todo processo mapeante. Afinal, são os territórios que entoam as canções e cabe a nós sintonizar os ouvidos para escutá-las!

Experiências em agroecologia são vivências sistematizadas e relacionadas à aplicação prática de princípios técnicos e valores sociais coerentes com o enfoque agroecológico para a organização dos sistemas agroalimentares. As experiências combinam fazeres, saberes e afetos. Podem se referir a práticas de manejo técnico nos agroecossistemas geridos por uma família ou uma comunidade, ou estarem associadas a processos organizativos vinculados a dinâmicas de transformação, distribuição e consumo de alimentos. As experiências podem se referir igualmente a iniciativas de gestão coletiva de bens comuns, de incidência política, de construção do conhecimento e outras.

Organizações são instituições formais cuja função nas redes de agroecologia é regular o acesso a bens e serviços públicos. Podem ser estatais ou não-estatais. Órgãos de governo, empresas públicas de extensão rural e de pesquisa agrícola, escolas e universidades públicas, prefeituras municipais e suas secretarias, conselhos e comitês oficiais são alguns exemplos de organizações estatais. Nas redes de agroecologia, as organizações não-estatais são aquelas que reúnem indivíduos com o propósito de defender e/ou facilitar o acesso a bens públicos de interesse coletivo. São, portanto, arranjos essencialmente destinados a fazer a interlocução com o Estado em seus três poderes e esferas federativas.

As Redes de Agroecologia podem ser definidas por sua abrangência territorial, por seu recorte temático ou pela combinação de ambas as situações. Configuram-se como relações entre indivíduos, entre organizações ou entre arranjos coletivos ativamente envolvidos em práticas sociais coerentes com a agroecologia. A partir de suas práticas em seus respectivos âmbitos de atuação, os atores sociais articulados nas redes incidem em diferentes esferas dos sistemas agroalimentares, contribuindo para organizá-los segundo os princípios solidários, populares e  agroecológicos.

Arranjos ou Dispositivos de Ação Coletiva são arranjos organizativos com características particulares. Distinguem-se das “organizações” pela sua forma de regulação e pelas funções que exerce nas redes de agroecologia. Como instituições autogestionadas, não são reguladas pela legislação oficial. Possuem a função de regular o acesso e o uso de bens comuns, ou seja, recursos materiais e sociais coletivos, localmente disponíveis e controlados pela comunidade de usuários auto-organizada.

Árvore Temática

Todas as experiências e conteúdos que chegam à plataforma do AeR deixam de ser processos isolados e se tornam fios possíveis de serem trançados a partir da integração proposta pela árvore temática que organiza e articula diferentes mapeamentos em curso ou já realizados.
Os dezenove temas e a opção complementar refletem um esforço de articular temáticas e visibilizar lutas e processos atuais em curso nos territórios. Sua formulação é resultado de diversas reuniões virtuais que reuniram representantes da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), da Associação Brasileira de Agroecologia (ABA-Agroecologia) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Para a definição desses 19 galhos temáticos nessa nossa árvore, foram feitas pesquisas aos eixos temáticos que organizaram as últimas três edições do Congresso Brasileiro de Agroecologia (CBAs), os assuntos que estruturam os Seminários Temáticos dos últimos Encontros Nacionais de Agroecologia (ENAs) e as conceituações mais atuais que apoiam a construção das redes com o campo da saúde. As experiências que não se identificarem com essas temáticas poderão ainda usar, no cadastramento de experiência, o recurso de “tags (etiquetas)” que permitem incluir ou especificar um campo temático que ainda não esteja evidente no glossário atual. Esse glossário foi elaborado entre julho e outubro de 2019 durante uma das etapas de reestruturação da plataforma do AeR.